“Eu falhei com Matthew Perry”, disse o Dr. Salvador Plasencia em declaração ao tribunal. “Eu deveria tê-lo protegido... Sinto muito”
O post Matthew Perry: Médico responsável pelo tratamento com cetamina é condenado a 30 meses de prisão apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
O médico que vendeu a Matthew Perry 20 frascos de cetamina líquida e ensinou o assistente do ator a aplicá-la poucas semanas antes de Perry sofrer uma overdose em uma banheira de hidromassagem foi condenado a 30 meses (o equivalente a dois anos e seis meses) de prisão nesta quarta, 3, em uma audiência emocional que contou com a presença da família do ator de Friends.
“Eu falhei com Matthew Perry”, disse o Dr. Salvador Plasencia em sua declaração ao tribunal, antes de ser levado sob custódia. “Eu deveria tê-lo protegido… Sinto muito”.
A juíza federal Sherilyn Peace Garnett ultrapassou a recomendação de pena, que variava entre oito e 14 meses, ao concluir que Plasencia “abusou de sua posição de confiança”. Ela afirmou que, embora o médico não tenha fornecido o lote exato de cetamina que matou Perry em 28 de outubro de 2023, não foi por falta de tentativa. A juíza destacou que, um dia antes da morte do ator, Plasencia enviou uma mensagem ao assistente pessoal de Perry dizendo: “Sei que você mencionou fazer uma pausa. Tenho feito estoque.” Ela também declarou que a alegação de Plasencia de que queria ajudar Perry com depressão não “parecia verdadeira”.
“Você explorou o vício do Sr. Perry para obter lucro — cerca de US$ 55 mil”, disse a juíza ao emitir a sentença, que inclui ainda uma multa de US$ 5.600 e dois anos de liberdade supervisionada. “Você e outros ajudaram o Sr. Perry a permanecer no caminho que levou a esse desfecho, alimentando seu vício em cetamina”.
Plasencia declarou-se culpado, em julho de 2025, de quatro acusações de distribuição de cetamina. Ele admitiu ter falsificado registros médicos para encobrir suas ações durante a investigação federal. Os crimes poderiam resultar em até 40 anos de prisão. Promotores pediram três anos de detenção. A defesa pediu que ele não cumprisse tempo adicional atrás das grades, dizendo que o médico abriu mão voluntariamente de sua licença — perdendo sua clínica e sua fonte de renda — e que sua esposa e filho mudaram-se para o Arizona por segurança, devido à “repercussão” pela morte de Perry.
A mãe, a madrasta e as duas irmãs de Perry se revezaram ao microfone para se dirigir ao médico. Ele as encarou da mesa de defesa e ouviu. A mãe do ator, Suzanne Morrison, disse que não tinha certeza de que queria falar, mas decidiu fazê-lo para que Plasencia a visse.
“Há um buraco terrível aberto em nossa família”, afirmou. “Você fez um juramento, o juramento que os médicos fazem. Ele é antigo, funciona há muito tempo, mas às vezes é violado. Você o deixou de lado”. Ela descreveu o filho como “um dos homens mais fortes que já conheci”, lembrando que ele sobreviveu a problemas de saúde graves, incluindo a ruptura do cólon. “Eu costumava achar que ele não podia morrer, que ele não era para morrer. Ele saía das situações mais críticas”, disse. Perry confiava que os médicos cumpririam o juramento hipocrático de não causar danos, ela disse, e Plasencia violou esse juramento.
Ela então mencionou as mensagens que Plasencia enviou ao seu mentor, o Dr. Mark Chavez, no dia em que se encontrou com Perry para vender-lhe cetamina pela primeira vez. “Quero ver quanto esse idiota vai pagar” e “vamos descobrir”, diziam os textos enviados em 30 de setembro de 2024.
“Este é o meu menino. Eu sabia o quanto ele era viciado, ano após ano. E ele sobreviveu a tudo isso para ser chamado de idiota? Não havia nada de idiota naquele homem. Ele até sabia como ser um dependente químico bem-sucedido”, ela disse. “Quero que você veja: esta é a mãe, porque ouvi dizer que você tem um filho e quer manter sua família unida. Quero que você veja: esta é a mãe. Sinto muito por conhecê-lo nessas circunstâncias, mas o que você fez foi terrível”.
A irmã de Perry — do segundo casamento do pai — afirmou que Plasencia “contribuiu diretamente” para a morte de seu irmão. “Você sabia que a doença do Matthew o impedia de tomar decisões adequadas. Sabia o quanto ele estava vulnerável, mas continuou fornecendo quantidades exorbitantes de cetamina”, disse Maria Perry. “Você apagou uma das fontes de luz mais brilhantes que tínhamos. Sinto-me desesperadamente sozinha e assustada”.
A irmã mais nova, Madeline Morrison, chorou enquanto falava. “Sou protetora ao extremo, e me mata saber que não consegui proteger meu irmão no fim. A morte dele virou meu mundo de cabeça para baixo e abriu um craterão em nossas vidas”, afirmou. “Você usou a luta de uma vida inteira do meu irmão contra o vício para ganhar dinheiro”.
Em documentos recentes apresentados ao tribunal, os advogados de Plasencia admitiram que ele “fechou os olhos” para os “claros sinais de vício e recaída” de Perry. Eles afirmaram que, ao longo de 13 dias, do fim de setembro ao meio de outubro de 2023, Plasencia tratou Perry “sem conhecimento adequado sobre terapia com cetamina e sem compreender plenamente o vício do paciente. Foi imprudente. E foi o maior erro de sua vida”. No acordo judicial, o médico admitiu ter aplicado cetamina líquida pessoalmente em Perry várias vezes nas semanas anteriores à morte do ator, inclusive uma vez em um carro estacionado em frente ao Aquário de Long Beach. Ele também admitiu ter vendido frascos do anestésico dissociativo para uso domiciliar “sem propósito médico legítimo”.
“O Sr. Plasencia aceita a sentença do tribunal hoje com humildade e profundo remorso”, disseram suas advogadas, Karen L. Goldstein e Debra S. White, em comunicado após a audiência. “Ele era um bom médico, amado por quem tratava. Ele não é um vilão. É alguém que cometeu erros graves em suas decisões de tratamento envolvendo o uso off-label de cetamina — uma droga comumente usada para depressão, mas sem padrões uniformes. Os erros cometidos durante os 13 dias em que tratou o Sr. Perry irão acompanhá-lo para sempre”.
Uma das cinco pessoas já condenadas por crimes ligados à morte de Perry, Plasencia foi preso em 2024 com Jasveen Sangha, descrita pelos promotores como a “Rainha da Cetamina” de North Hollywood. Sangha se declarou culpada em setembro e deve ser sentenciada em 10 de dezembro.
Como parte do acordo de Plasencia, os promotores concordaram que a cetamina encontrada no organismo de Perry, quando o ator de 54 anos morreu, não havia sido vendida por ele. Eles afirmaram que Sangha vendeu 25 frascos de cetamina líquida para Perry em 14 de outubro de 2023, e outros 25 dez dias depois. No dia da morte do ator, seu assistente residente, Kenneth Iwamasa, aplicou três doses da cetamina fornecida por Sangha, segundo os promotores. (A autópsia concluiu que Perry morreu em sua casa, no bairro Pacific Palisades, em Los Angeles, devido aos efeitos agudos da cetamina.)
Quando autoridades federais tornaram pública a acusação de 18 crimes no ano passado, identificaram Plasencia e Sangha como os “principais réus”. Eles disseram que Iwamasa, o Dr. Chavez e Erik Fleming — um homem da região que supostamente atuava como intermediário das vendas de cetamina de Sangha para Perry — já tinham fechado acordos judiciais no caso.
As autoridades afirmaram que Perry “se tornou dependente” de cetamina intravenosa enquanto buscava tratamento para depressão e ansiedade em uma clínica local no outono de 2023. Eles disseram que, quando a clínica se recusou a aumentar sua dose, Perry recorreu aos quatro fornecedores acusados no caso.
Segundo os promotores, Plasencia e Chavez distribuíram 20 frascos de cetamina líquida a Perry em troca de US$ 55 mil em dinheiro nas últimas semanas de vida do ator. Os médicos cobraram de Perry US$ 2 mil (cerca de R$ 10,6 mil) por cada frasco que custava a Chavez aproximadamente US$ 12, afirmaram as autoridades.
Dr. Chavez deve ser sentenciado em 17 de dezembro. Fleming tem sua sentença marcada para 7 de janeiro, enquanto Iwamasa será sentenciado em 14 de janeiro.
Ao se dirigir ao tribunal nesta quarta-feira, o promotor assistente Ian Yanniello disse que, embora Plasencia não tenha fornecido a cetamina que resultou na morte de Perry, ele deu a “orientação e o treinamento”, além das seringas, que permitiram que Iwamasa aplicasse as doses no ator no dia em que ele morreu. “Isso não foi tratamento médico, foi tráfico de drogas”, disse Yanniello sobre o papel de Plasencia. “Ele era um traficante vestindo jaleco”.
+++LEIA MAIS: Pais de Matthew Perry escrevem declarações emocionadas sobre a sentença de médico: ‘O mais culpado de todos’
O post Matthew Perry: Médico responsável pelo tratamento com cetamina é condenado a 30 meses de prisão apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
