A crítica de criadora de ‘Matrix’ à extrema direita por apropriar-se do filme

Escrito em 02/12/2025
Guilherme Gonçalves

Lilly Wachowski condena interpretações erradas da 'pílula vermelha' por grupos conservadores e alega que o 'fascismo' distorce a mensagem

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Lilly Wachowski, uma das criadoras de 'Matrix', em 2022 (Foto: Steven Simione / FilmMagic via Getty Images)

A cineasta Lilly Wachowski, co-criadora da icônica franquia de ficção científica Matrix, criticou publicamente a apropriação e as “interpretações malucas e mutantes” das ideias do filme por grupos de extrema direita.

Em participação recente no podcast So True with Caleb Hearon (via NME), Wachowski abordou a maneira como ideologias conservadoras têm deturpado a obra. O principal conceito alterado é o da famosa metáfora da “pílula vermelha” (“red pill”).

Wachowski, que criou Matrix com sua irmã, Lana, manifestou frustração com o caso. Embora reconheça que os artistas devam “largar sua obra” e permitir que o público a interprete livremente, ela não consegue ignorar o uso ideológico do filme.

A cineasta afirmou:

“Eu olho para todas as teorias malucas e mutantes em torno dos filmes Matrix e as ideologias malucas que esses filmes ajudaram a criar, e eu apenas penso: ‘O que vocês estão fazendo? Não! Isso está errado!’.”

Ela acrescentou:

“Eles se apropriam de pontos de vista de esquerda e os distorcem para sua própria propaganda, para obscurecer a verdadeira mensagem. É isso que o fascismo faz.”

Matrix e red pill

A mais notória apropriação diz respeito à cena em que o protagonista Neo (Keanu Reeves) é confrontado com a escolha entre a pílula azul (permanecer na ilusão) e a pílula vermelha (descobrir a verdade sobre o mundo).

No contexto político, ser “tomado pela pílula vermelha” (red pilled) tornou-se um termo frequentemente associado à radicalização para ideologias de extrema direita. Significa, neste caso, ter “acordado” para supostas verdades sociais secretas ou conspirações.

Franquia de filmes é uma alegoria transgênero

A crítica ganha mais peso dado o significado originalmente pretendido para a obra. Lilly Wachowski — que, assim como sua irmã, Lana, se assumiu como mulher trans — já havia revelado anteriormente que a “intenção original” de Matrix era ser uma alegoria transgênero.

A cineasta expressou satisfação pelo fato de essa intenção ter se tornado pública, mesmo que o “mundo não estivesse totalmente pronto” para uma narrativa trans no início do milênio. Ela fez questão de enfatizar o impacto positivo do filme na comunidade trans:

“Eu amo o quão significativos esses filmes são para pessoas trans e a maneira como elas vêm até mim e dizem: ‘Esses filmes salvaram minha vida’.”

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